Crianças e jovens com um desenvolvimento psicológico mais saudável só traz vantagens!

A importância de se estabelecer regras e limites à criança

By Antonio Valentim • June 28, 2012 • Filed in: Para um Equilíbrio Psicológico

A necessidade de estabelecer limites tem a ver, essencialmente, com o saber dizer “não” à criança. O “não” cria nela uma base para integrar na sua personalidade em construção, a auto-disciplina, o respeito, tanto por si própria como para com os outros e, com o decorrer do tempo, ajuda-a a sentir-se mais realizada e mais confiante.

Pode parecer um paradoxo, mas uma criança que cresce sem limites não é nem livre nem feliz, porque se encontra permanentemente angustiada, fica refém dos seus impulsos. Incapaz de os controlar ela sente-se constantemente em perigo. Onde não há limites nem regras fica-se com a sensação que tudo pode acontecer. Sem limites, a criança está sempre à espreita de qualquer ameaça que não sabe de onde pode surgir. No fundo, ela não se sente protegida. Não é por acaso que se encontra nas Clínicas muitas crianças que sofrem, mais do que o normal, de pesadelos ou de medos diurnos. Muitas vezes são crianças que vivem com falta de limites claramente estabelecidos.

A maioria dos pais tenta estabelecer os limites segundo a sua intuição, segundo os métodos em que eles próprios foram educados ou conforme a disposição que têm no momento, não excluindo os que optam por satisfazer todas as vontades à criança para não terem maçadas, para não terem que se aborrecer com ela ou porque, “coitadinha da criança”, a vida é já tão complicada que terá tempo de sobra para sentir as contrariedades e as frustrações. Não! Esta forma de agir não ajuda a criança a desenvolver-se saudavelmente. Mas, atenção, o estabelecer limites à criança também não pode ser uma forma, uma razão, para a maltratar ou para a humilhar.

Outro ponto não menos importante, é a necessidade dos pais terem de estar de acordo com os limites que querem pôr à criança e respeitarem as decisões que cada um venha a tomar. Melhor dizendo, tem que ficar bem definido entre o casal o que é aceitável para a criança. Da mesma forma, quando surgem opiniões diferentes elas devem ser discutidas em privado, nunca na presença da criança e, evidentemente, chegarem a um consenso. Se alguma vez não conseguirem chegar a um acordo devem, então, não hesitar em recorrer à ajuda de um especialista nesta área. É, também, muito frequente acontecer que quando um dos progenitores levanta a voz para repreender a criança logo o outro vem em socorro dela, normalmente numa atitude condenatória, procurando defendê-la e, mais grave ainda, muitas vezes desautorizando, desacreditando o parceiro. Estas atitudes devem ser evitadas porque enfraquece a autoridade do progenitor em causa. Deve-se ter sempre presente de que os pais são companheiros e não adversários!

Qualquer família deve funcionar com regras (tais como: estipular determinadas horas fixas para as refeições, para ir dormir, para utilizar o computador, entre outras). Respeitar as regras, os acordos estabelecidos, dentro de uma estrutura familiar prepara a criança para se adaptar a comunidades mais alargadas como é o caso das escolas, ou mais tarde, dos locais de trabalho, ou melhor dizendo, da sua vivência em sociedade. Porém, pode haver determinados casos mais complicados para a criança, como quando acontece um divórcio, e aí ela tem que aprender e respeitar os dois conjuntos de regras familiares diferentes, ou até mesmo um terceiro quando estiver em casa dos avós onde, naturalmente, as regras serão, possivelmente, outras.

Psiquicamente falando, o respeitar as regras, o estabelecer limites tem uma função estruturante na mente da criança, desde que sejam claros, coerentes, firmes, constantes e consequentes. A criança precisa de conhecer até onde pode ir para se sentir mais confiante e alimentar a auto-confiança, porque isso fá-la-á sentir-se mais segura.

Não deixe que os mal-entendidos e as transgressões se acumulem. Os limites que forem estabelecidos à criança têm de ser ditos de uma forma clara e firme para que ela compreenda bem que não devem ser ultrapassados. Se a criança tiver maturação suficiente, estes limites podem ser negociáveis dentro do razoável, caso contrário, basta dizer-lhe “não” e quando ela perguntar porquê, responder-lhe: “Porque o pai o disse”. E ponto final no assunto! Se a criança ainda for pequena ou se não tiver ainda maturação para reconhecer a autoridade, ela não precisa de explicações nem de negociações. Também não vale a pena dizer-lhe: “Porque quem manda aqui sou eu”. Este tipo de resposta vai, ao longo do tempo, incutir na criança o sentimento de inferioridade que também não a ajuda a se desenvolver de forma harmoniosa. Ela sabe muito bem que não tem qualquer hipótese perante a firmeza de um “não” parental. Às vezes pode-se até ir um pouco mais longe, dependendo da situação e acrescentar-se: “Porque os teus pais somos nós e cabe-nos este tipo de decisão”. Alongar a explicação poderá confundir mais a criança.

Os pais também devem estar conscientes de que a criança quando reconhece os limites que lhe foram postos vai, volta e meia, tentar testar a solidez deles e a resposta tem que ser sempre a mesma: “Não!” O pai não deve sentir-se fracassado com este procedimento da criança o estar a pôr à prova sobre o que foi estabelecido previamente. Esta atitude é normal e saudável. Demonstra que está no bom caminho, que terá, mais tarde, capacidade para argumentar, para expor as suas razões, para reclamar, porque um ser humano não é constituído para obedecer cegamente como se fosse um robot, mas para se tornar responsável pelos seus actos. Quando a criança ultrapassa o estabelecido, a tarefa dos pais também consiste em voltar a avisá-la que os limites se mantêm e levá-la a continuar a cooperar.

Esta prática de estabelecer limites aplicada no dia-a-dia da criança, e quanto mais cedo melhor, vai evitar que os pais tenham de recorrer a castigos sempre desagradáveis para todos. Porém, se a criança tiver em qualquer momento um comportamento inaceitável, tem que se ter a coragem de lhe dizer: “Estou muito triste com o que tu fizeste, vou pensar no castigo que mereces”. Mas o castigo não tem que ser demasiado pesado, mas tem que ser aplicado no momento em que ocorre o desrespeito, senão as regras e a autoridade podem ficar comprometidas no futuro. Como castigo não se deve enveredar por privar a criança daquilo que ela mais gosta de fazer ou de ter, porque isso seria um convite a um ciclo de transgressões futuras que a destabilizaria ainda mais.

À medida que o nível de maturação da criança cresce as regras podem começar a ser mais flexíveis e negociáveis, e é recomendável que ela seja ouvida sobre isso, que participe no que se pretende restabelecer oferecendo-lhe, assim, uma liberdade de escolha, sempre dentro do aceitável. O proporcionar-se à criança o seu envolvimento no estabelecimento das regras aumenta a possibilidade de uma cooperação mais consciente e, mais facilmente, ela admitir o desagrado dos pais quando as infringir.

Ainda relacionado com esta necessidade de estabelecer limites há uma outra situação importante que a criança necessita de desenvolver, também com a ajuda dos pais: começar a percepcionar que os pais têm direito a terem o seu próprio tempo livre e onde ela não participa. Cada família estabelecerá esta norma dentro das suas possibilidades e que pode até ser diária.

Outro limite importante a ter em conta é: não permitir que os filhos interrompem a conversa entre o casal. A criança precisa de perceber que a relação pai/mãe é uma relação separada e autónoma no seio da família, com a sua própria vida e na qual não se deve imiscuir.

O dedicar-se exclusivamente aos filhos, estar com eles de “manhã-à-noite”, tornando a criança o centro das atenções sem que, de vez em quando, possam ter o seu próprio tempo, é meio caminho andado para tornar a criança num ser exigente, egoísta. Além do mais, este tempo que o casal retira para si próprio vai reflectir-se de forma positiva no ambiente familiar.

Cuidar e fortalecer a vida do casal ou, em situações monoparentais, o dedicar um tempo para si próprio não é ser-se egoísta. Da mesma forma, os pais também devem ter sempre bem presente de que o que a criança precisa de ter, em primeiro lugar, é de pais e não de amigos-pais. Os amigos têm de ser escolhidos pela própria criança à medida que for convivendo com outras. Insisto em dizer que o facto dos pais, e mais ainda em situações monoparentais, se dedicarem só à criança, por sentimento de culpa ou por outras razões, é prejudicial para o saudável desenvolvimento psíquico dela.

Resumindo, a necessidade de estabelecer limites, de regras, é essencial para o salutar desenvolvimento psíquico da criança, para a sua “higiene” mental. Com um crescimento assim, a criança estrutura as capacidades psíquicas necessárias e dificilmente ocorrerão surpresas desagradáveis porque sabe-se que ela, quando deparar com obstáculos que inevitavelmente surgirão, quer seja de ordem escolar, ou pessoal como, por exemplo, uma decepção amorosa, saberá responder de forma adequada.

Toda a infância é um período de aprendizagem progressiva da condição humana, da descoberta da realidade, da vida em sociedade e, inevitavelmente, com deveres e obrigações, cujos pais participam incontestavelmente e dos quais não se podem desobrigar ou desresponsabilizarem-se.

Aplicar esta necessidade psicológica e as outras não é tarefa fácil, mas merece a pena pois está-se a criar estruturas psicológicas para que a criança consiga enfrentar os desafios da vida de uma forma positiva, de uma forma madura. É um caminho para humanizar a criança, para que possa ter poder de comunicação com os demais e para saber viver em harmonia.

Aconselha-se a ler também, no mesmo site, os artigos intitulados:

Como dar atenção à criança mesmo com pouco tempo disponível?

Como valorizar uma criança para que se sinta aceite, compreendida e respeitada

Crescer com e sem regras adequadas: qual o impacto no equilíbrio da criança?

Sabe-se, hoje, que   é de extrema importância a criança crescer com regras/limites no seio  familiar! As regras/limites e incutir certos hábitos fazem parte das necessidades psicológicas para salvaguarda a saúde mental do indivíduo. No entanto, a maioria de nós, adultos, não estamos bem conscientes das consequências negativas que esta falta tem no amadurecimento e no desenvolvimento equilibrado de uma criança.

Uma criança que cresce com regras e com limites adequadamente estabelecidos sente-se mais apoiada psicologicamente ao longo do seu desenvolvimento. Todavia, este estabelecimento de regras e limites deve ser feito sem se recorrer a maus-tratos físicos ou psicológicos e sem se incutir medo. Não é necessário recorrer a um assédio disciplinar.

CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS QUE, EM CASA, CRESCEM SEM REGRAS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS QUE, EM CASA, CRESCEM COM REGRAS ADEQUADAS
1 São, de uma forma geral, crianças com falta de auto-confiança, inseguras. São crianças que se sentem mais seguras, mais tranquilas.
2 São crianças todo-poderosas. Reagem mal quando perdem. Sabem melhor dizer que não, sem  esrespeitar ou agredir o outro. Não desenvolvem sentimentos vingativos.
3 Impõem aos outros os seus desejos ou caprichos. Falam para se estimularem e não para comunicar. Pedem, mas não impõem, os seus desejos ou caprichos aos outros. Falam mais para
comunicar.
4 Não sabem lidar com a frustração, a mínima contrariedade despoleta a violência (verbal ou física). Têm uma maior tolerância à frustração, controlam melhor a sua impulsividade e
auto-regulam as suas emoções.
5 Não conseguem ou têm dificuldade em esperar pela sua vez (muito impacientes,
irrequietas).
Conseguem e sabem esperar. São crianças mais pacientes, mais calmas.
6 Não conseguem lidar com os  sentimentos contraditórios que possam sentir no momento. Interiorizaram a ideia de que se pode gostar de alguém e estar, ao mesmo tempo, zangada com essa mesma pessoa.
7 Dificuldade em se adaptarem a situações mais stressantes. São capazes de permanecerem calmas perante um dano ou um mal-estar físico.
8 Dificuldade em correr riscos calculados. São mais capazes de serem optimistas quanto ao futuro e de reagir positivamente a uma novidade dentro das regras estabelecidas.
9 Dificuldade em representar mentalmente a noção do tempo, de tolerar prazos, de dar uma resposta positiva a uma regra. São capazes de antecipar um prazer e de tolerar a sua espera.
10 Maior dificuldade em gostar de matemática, de interiorizar as regras de gramática. Aderem mais facilmente a tudo que tem uma certa coerência e estão mais  dispostas para aprender a pensar.
11 Numa discussão querem estar sempre por cima. Há uma falta de empatia que não as ajuda à cooperação. Numa discussão conseguem mais facilmente alcançar o ponto de vista do outro.
12 No decorrer de uma discussão, são crianças incapazes de expressar os sentimentos do outro quando lhes são solicitados. Conseguem exprimir por palavras os sentimentos do outro.
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