Como dar atenção à criança mesmo com pouco tempo disponível?
A satisfação desta necessidade de atenção não deve ser confundida com a concretização de desejos, de caprichos, de preferências que a criança possa manifestar. Tem a ver, sim, com algo fundamental que lhe vai permitir construir-se, o mais possível, para ser um futuro adulto psicologicamente saudável. E isto independentemente do contexto material ou social em que a criança se encontre inserida.
A primeira necessidade psicológica fundamental na criança é que ela possa sentir que existe. A atenção dos pais é absolutamente necessária para que isso aconteça. Esta atenção pode manifestar-se de várias formas como, por exemplo: um olhar afectuoso seguido de uma demonstração de interesse naquilo que a criança está a dizer ou a fazer. Quantas vezes não se ouvem crianças dizer aos pais: “Papá, papá, olha para mim! Olha para o que eu estou a fazer!” A mensagem inconsciente que a criança está a transmitir é: “Necessito da tua atenção, necessito que olhes para mim, isso é algo vital para me fazer sentir que existo”. É imperativo dar-lhe atenção para que a criança se sinta confiante em si própria. É fundamental mostrar-se disponível, atento e interessado no mundo dela, tanto nas suas conversas, nas suas queixas, nos seus conflitos como em outras coisas que fazem parte do seu dia-a-dia.
Porém, muito embora a criança precise desta atenção, tal não quer dizer que tenha de ser dada em excesso. Em comparação com a alimentação, a criança necessita de comer sim, mas apenas o suficiente. Da mesma forma, também não deve ser o foco permanente da atenção dos pais. Quando a criança se torna na figura central, está-se a criar nela a ideia que é a pessoa mais importante, ou seja, cai-se num outro extremo que é prejudicial para todos – o da criança toda poderosa, o da “criança-rei”.
Os pais podem até ter pouco tempo disponível para dedicar à criança, não é grave, o que verdadeiramente interessa é que a criança não se sinta rejeitada, abandonada ou indesejada. Basta que estejam disponíveis no momento em que ela realmente precisar dessa atenção. Muitas vezes, por coincidência, é precisamente nessa altura em que os pais têm menos tempo, que a criança vem com as suas “coisas”. Como lidar então com a situação? Simplesmente dizer-lhe que se irá falar com ela depois, à noite (ou propor-lhe uma outra ocasião), porque as “coisas” dela são importantes, por isso devem ser faladas com tempo e não à pressa. Mas atenção, este compromisso não é para ser esquecido! A criança pode passar o dia a pensar nesse momento importante em que vai falar.
Nestas circunstâncias, o que se pretende é estar disponível para ouvir a criança, para permitir-lhe desabafar, verbalizar os seus medos, os seus sentimentos, as suas frustrações, as suas dúvidas, as suas incredibilidades, os seus desgostos, os seus caprichos ou seja aquilo que for, não excluindo situações mais agradáveis como os seus desejos, mesmo que estes não tenham forçosamente que se concretizar. Esta disponibilidade, parecendo que não, vai ajudá-la a reflectir sobre o que está a viver. Porém, a “arte”, a subtileza principal é a capacidade de a ouvir sem fazer comentários (não a julgar, não tentar tranquilizá-la com raciocínios impeditivos do que está a sentir, não lhe dar conselhos imediatamente, não a culpabilizar, não filosofar…), deixá-la apenas falar. O pai deve proporcionar a si próprio tranquilidade, tempo e silêncio, pensando simplesmente que vai ouvir a criança falar das suas “coisas”. Oiça-a, pois, com um olhar de compreensão, de respeito e de aceitação, demonstrando carinho por aquilo que ela está a viver e não agir como se fossem simples criancices, que não merecem vir perturbar a sua tranquilidade e por isso tentar interromper a criança a todo o instante. Mesmo que, no fundo, sejam autênticas criancices, para a criança não o são, fazem parte do seu mundo, por isso, sentir a atenção dos pais através da forma como olham para ela, como a escutam, é essencial.
O facto de se aceitar o que a criança está a viver numa certa e determinada altura, não quer dizer que seja do seu agrado a situação em que ela está envolvida, mas, pelo menos, não se deve fingir que ela não existe, nem mesmo negá-la e muito menos querer que esta situação mude logo, de um momento para o outro. Se se disser, logo de início, a uma criança (6/12 anos) que está com medo para deixar de o ter, ou para se acalmar, isso não a ajuda em nada. Mas, se pelo contrário, lhe disser para ela respirar lentamente e para não lutar contra esse medo que está a sentir, a situação começa a melhorar. Com este procedimento, está a ensinar-se a criança a aceitar o facto e, como toque final, deve-se ajudá-la a dar um nome a esse medo. Isto não se aplica só ao medo mas também a todas as emoções como por exemplo, a tristeza, a ira, e outras, tanto as desagradáveis como as agradáveis. A verdade é esta, se não se consegue viver conscientemente com o que se sente não é possível crescer em responsabilidade, com consciência de si próprio e de se auto-afirmar apropriadamente.
Ao dar-se à criança a possibilidade de ela atribuir um significado ao que está a sentir, de o simbolizar, ou seja, de o representar mentalmente, está-se também a facultar-lhe a oportunidade de pôr em imagem as suas pulsões, ou os seus mal-estares. É uma abertura para o enriquecimento do seu mundo das fantasias e do imaginário e que vai ajudá-la a estruturar os conteúdos na sua mente, levando-a a pensar antes de agir e, consequentemente, não agir sem pensar, sendo isso indispensável para diminuir os comportamentos violentos. Vem a propósito dizer que na maioria dos indivíduos violentos se encontra um empobrecimento do seu mundo imaginário. Mesmo as emoções desagradáveis têm que ser também representadas mentalmente, ou seja, pensadas, sem que a criança se sinta envergonhada ou mesmo ameaçada. Este procedimento de apoio, ajuda-a a estar mais consciente daquilo que está a acontecer com ela, de saber melhor lidar com ela própria e de agir de forma mais adequada.
Esta necessidade de atenção para se desenvolver harmoniosamente, vem já desde o nascimento. Desde muito pequeno que é através do olhar que o bebé regula as suas intensidades emocionais, procurando o olhar da mãe para se acalmar e para interagir com ela. O olhar constitui um meio de comunicação do bebé e um vector de apoio relacional. Quando o bebé perde, por muito tempo, o contacto ocular com a mãe entra numa verdadeira desorganização emocional conforme se pode verificar em muitas situações de psicopatologia materna. Em certos caso de psicopatologias, quando o bebé não obtém o contacto ocular com a mãe acaba por projectar a sua imagem no imaginário, identificando-se a tudo (animais, vegetais, temas exotéricos e outros) menos nos humanos. É como se estivesse perante um espelho e não se visse. Como, por exemplo, em certos casos psicóticos em que estando na presença de um indivíduo não o vê, o seu olhar atravessa-o sem o ver.
Esta necessidade da atenção é tão fundamental que se a criança não conseguir obtê-la pela forma natural vai buscá-la através de uma outra maneira que acaba por ser desvantajosa para todos. Em suma, a criança vai preferi que se ralhe com ela, até mesmo ao ponto de fazer perder a paciência aos pais, do que ser meramente ignorada. Até na vida adulta a procura de necessidade da atenção se mantém. Por exemplo, quantas não são as disputas conjugais que se ocorrem apenas para captar a atenção do parceiro só porque se sente posto de lado? Tem-se verificado, nos workshops que se têm organizado, que quando se pergunta: Quem é que dos aqui presentes se sentiu escutado e compreendido pelos pais?… poucos são os que levantam a mão.
Aconselha-se a ler também, no mesmo site, os artigos intitulados:
– Como valorizar uma criança para que se sinta aceite, compreendida e respeitada
– A importância de se estabelecer regras e limites à criança.
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