Os choros do bebé
Qual a mãe ou o pai que nunca disse ao bebé: “Não chores…!”
Deve-se deixar o bebé chorar? Pode um bebé chorar sem razão ou será sempre a expressão de um mal-estar?
Quando o bebé não tem fome, não precisa que se mude a fralda, não tem frio nem calor, não está doente e nem está cansado mas então, o que será que ele quer? Como acalmá-lo então? O que é que se pode fazer para reduzir estes momentos desagradáveis de choros?
Na nossa cultura ocidental é mais comum deixar o bebé chorar. Como se diz popularmente: “É preciso deixá-lo chorar para ele não ficar sempre agarrado às saias da mãe.” Quais são as possíveis consequências desta atitude?
Há pais que não suportam os choros do bebé, o que é que isto pode esconder e o que fazer para ultrapassar esta situação?
Será a chupeta assim tão indispensável?
Neste texto encontrará as respetivas respostas e outras mais.
O choro do bebé mexe tanto com os pais que se torna insuportável. Quando aparentemente nada lhe falta interpreta-se o choro como um capricho ou como a expressão de intolerância ao sofrimento. Porém, o bebé não é apenas um ser só para ser alimentado ou só para dormir. Ele precisa também de ser estimulado, de ser acarinhado e de manter um contacto físico com a mãe ou quem a substitua. Desta forma quando ele sente necessidade de algo mais, e como ainda não se expressa verbalmente, resta-lhe o choro para comunicar, para se fazer ouvir.
Paralelamente a sua imaturidade cerebral, perante demasiados estímulos, pode também angustiá-lo e desencadear o choro. Para eliminar a ansiedade, ele precisa de ser aconchegado nos braços para sossegar, para não se sentir abandonado. É uma questão de sobrevivência e não de mania, de birra ou que o mero facto dele querer colo seja algo de impróprio. Na verdade, o contacto físico desencadeia um conjunto de substâncias no organismo que o acalma. É fisiológico! Chora quando se sente isolado e porque não sabe ainda gerir esta separação.
Repare que antes do nascimento o bebé vivia no útero, num mundo com espaço limitado. Ao nascer, ele é projetado para um mundo que se assemelha a um enorme vazio angustiante porque ainda não sabe como o dominar. O medo deste vazio origina a base da ansiedade, sem possuir ainda a capacidade necessária para estruturar os limites do espaço e para gerir a noção do tempo. Imagine-se a si próprio transferido para um mundo novo! O que será sentir-se só num mundo que desconhece, que não compreende e que não sabe o que lhe espera?
O bebé que nasce não tem consciência da presença do seu corpo físico, exceto através do sofrimento, dos seus desconfortos, que perceciona mais do que compreende. Não possui nenhuma referência, “âncora”, neste mundo real para preencher este vazio que o envolve, a não ser os pais (com o cheiro, o som da voz e o aconchego que lhe é familiar). Durante o primeiro ano o brincar consiste em aprender a existência dos seus olhos, do seu nariz, da sua boca, dos seus braços, que são ferramentas que o ajudam a tomar consciência do seu corpo. Paulatinamente, ele vai-se habituando à presencia doutras referências (paredes, móveis, cobertores, brinquedos coloridos estáveis porque permanecem sempre presentes; barulhos e luzes regulares) que o ajudam também a tomar consciência do seu ambiente. São duas tomadas de consciência essenciais (do corpo e do ambiente) que requerem o seu tempo para se sentir mais seguro.
Cada vez que a mãe se afasta do bebé (ou o pai quando este esteve muito presente e falava para ele na barriga da mãe) a ansiedade dispara e pode entrar em pânico e o choro é a única forma para o expressar. Sabe-se que os bebés que permanecem constantemente na cama (logo pouco contacto físico), que encontram poucas pessoas sujeitam-se a ter mais dificuldades em se habituarem a novos ambientes. Porém, quer a proteção exagerada quer a presença demasiada de estímulos desencadeia a ansiedade. Cada mãe/pai terá que encontrar o seu próprio e justo equilibro em que o choro será um indicador.
Como posso apaziguar o bebé
Muitas sociedades não deixam o bebé chorar. Ele permanece constantemente agarrado nas costas, na frente ou na anca da mãe, de uma tia, de uma irmã ou de um irmão. Daí, as mães que recorrem ao método “mãe canguru” (não apenas para os bebés prematuros) relatarem que o bebé sente-se mais feliz, mais sereno e as mães menos cansadas, mais disponíveis para toda a família. Este método favorece também uma construção da relação mãe/criança mais segura para mais tarde a criança se sentir mais confiante para enfrentar e superar a ansiedade de separação psicológica (veja uns exemplos clicando nas Imagens Nº 5 e Nº 9).
Contudo, uns reclamam ser necessário deixar chorar o bebé e para não responder logo. Mas então como agir? Os resultados de muitos estudos são ambíguos. Parece que se uma mãe leva um minuto e meio a responder ao choro do bebé, ele precisa apenas de cinco segundos para se tranquilizar. Além dos três minutos de espera, o bebé já precisa de cinquenta segundos. E quando se multiplica por dois o tempo de espera, multiplica-se por dez a duração do choro. Quanto mais tarde a mãe intervier mais difícil é para o bebé reorganizar as suas emoções.
Dito isto, quanto mais rapidamente se responder aos choros menos a sua ansiedade aumenta e mais rapidamente se tranquiliza. Desta maneira, o bebé vai absorvendo a ideia de que os seus pedidos vão ter as suas respostas e a ansiedade não dispara tão facilmente. Sendo assim, ele não sente a necessidade de emitir sinais mais barulhentos. Acalma-se e espera pela resposta, desenvolvendo-se nele as condições para se estruturarem as conexões neuronais que estruturam a paciência. Estas conexões constroem-se numa base sã de confiança e não à força que, essa, só desencadeia mais estresse, mais mal-estares.
Enquanto o bebé ainda se expressar apenas pelo choro e pela articulação gestual, no momento em que começa a chorar é importante começar a falar com ele mesmo que ainda não perceba o sentido do que se lhe diz. Antes de pegar nele ao colo, olhe-o afetuosamente e diga-lhe suavemente, por exemplo: “Eu estou ouvir o teu choro, os teus gritos. Sinto que queres dizer alguma coisa, que eu não sei o que é mas que parece ser importante para ti.” Ou ainda este exemplo: “Chora, meu querido…chora, eu estou aqui! Conta-me lá como isto está a ser duro para ti. Podes-me confiar os teus medos, as tuas tristezas, os teus desgostos e as tuas zangas. Chora meu bebé!” Apesar do bebé não entender ainda o significado das palavras, capta a entoação emocional tranquilizante que é suficiente para o sossegar. O bebé vai interiorizar a sensação que pode confiar nos pais porque cuidam dele.
Este procedimento é uma forma de alimentar psicologicamente o bebé, para que ele se sinta protegido, valorizado, aceite e compreendido ao mesmo tempo que é aconchegado. Até os oportunos beijinhos funcionam como um ansiolítico natural que desencadeiam uma série de substâncias neuroquímicas e hormonais (serotonina, dopamina, endorfina, ocitocina) que regulam o humor e favorecem as relações saudáveis. As carícias, as cócegas e as massagens adequadas representam diferentes formas de contacto físico que ajudam o bebé a interiorizar que tem um corpo e que este corpo não flutua no vazio angustiante.
Os bebés que recebem mais carinhos e cuidados maternos vêem aumentada a probabilidade de serem adultos menos vulneráveis ao estresse, à hiperatividade, à ansiedade, aos medos, às desconfianças, às doenças e desenvolvem relacionamentos íntimos mais saudáveis, serão mais empáticos. Algo de fundamental para a cooperação, porque houve oportunidade, com estas atitudes de reconforto, deles se tornam mais confiantes não só com eles próprios como em relação às outras pessoas.
Também quando aparentemente parece não haver razão para o bebé chorar pode pegar nele e colocando-lhe a cabeça encostada ao seu peito do lado do coração. É um som e um cheiro que ele conhece bem e que o tranquiliza. Nos primeiros meses, se os choros são frequentes, é conveniente desenvolver o hábito de se deitar à tarde com ele, uma ou duas horas, com a criança apoiada no seu peito. Desta forma, ele sente-se protegido num ambiente que lhe é familiar, que lhe faz lembrar a sua vida uterina.
Os choros estão também associados a quê?
Os choros estão associados ao sofrimento, ao desconforto. São o esforço, uma espécie de “ferramenta” do organismo, para se reparar e se reconstruir. Chorar relaxa as tensões arteriais, musculares, elimina as toxinas e restabelece a respiração. Depois de chorar profundamente qualquer um se sente descontraído. Os choros podem ser a expressão de tensões acumuladas, de desagrados, de receios, de frustrações ou de queixas do passado que não foram bem expressadas, ouvidas e se conservaram no corpo. Mais tarde, no final do dia por exemplo, assim que a mãe lhe pega ao colo, ele sente-se seguro e aproveita para libertar as tensões acumuladas. Neste instante, o bebé precisa de ser acompanhado, de ser respeitado naquilo que ele vive, de contacto físico para ser aceite com as suas emoções sem se sentir ameaçado ou ser impedido de chorar.
Há que estar atento a não cair na armadilha da nossa cultura de tendência manipuladora e de certas pessoas manipuladoras, com quem a criança esteve todo o dia, e se aproveitam para dizer que a criança esteve bem o dia todo e mal a mãe e/ou o pai chegaram destabilizaram o menino. Estas atitudes manipuladoras culpabilizam os pais, mesmo sendo transmitido de forma inconsciente, o que não é justo nem o merecem. A não ser que sejam pessoas manipuladoras perversas e aí recomendo a leitura do artigo – Pais Manipuladores Perversos – clicando neste título.
Tente organizar momentos com o bebé chamados de “contacto pele contra pele”, ou seja, o contacto do peito ou da barriga da mãe com o corpo do bebé permite uma troca de calor, de sensações e de emoções que apaziguam o bebé, que o apoia a se movimentar livremente e a ter, pouco a pouco, mais consciência do seu corpo, do seu controlo. Recomenda-se também, como anteriormente referido, as massagens para bebés.
Para alimentar mais a autoconfiança na criança pode deixar-lhe, na sua ausência, alguma coisa sua que tenha o seu odor e que possa ser colocado à volta do pulso, da barriga ou do tornozelo (um cachecol, um lenço, uma fita). Algo para que ele, embora a mãe esteja ausente, sinta pelo cheiro a presença dela.
Tudo o que tem a ver com as rotinas, os hábitos, a repetição das mesmas pessoas à volta do bebé, as mesma roupas e até os mesmos alimentos, esta constância rotineira, ajudam-no a construir a confiança no ambiente que o rodeia. São como uma linha coerente psicológica para ele se ir construindo.
Para enriquecer mais a relação com o bebé, para lhe dar atenção e para alimentar a sua confiança, fale para ele sempre que possível dizendo por exemplo: ”Agora vou estar contigo e só contigo por algum tempo, para poder falar-te, para te ouvir e para te abraçar e te sentir bem junto a mim.” No mesmo sentido, para lhe proporcionar ainda mais atenção leve o bebé para perto de si quando estiver a fazer alguma coisa para que ele a possa ver e ouvir. São formas de apoiar o bebé a se desenvolver psicologicamente de uma forma melhor, a se diminuir os choros e a possibilitar o desenvolvimento natural da paciência, porque os primeiros anos de vida (pelo menos até aos dois anos) não são para ensinar a criança a ficar muito tempo à espera, mas sim para que se vá estruturando para que, mais tarde, vá desenvolvendo essa capacidade – a paciência.
Ao responder aos choros do bebé com estas atitudes ele sente-se satisfeito psicologicamente, sente-se protegido, valorizado, assimila a ideia de que a vida lhe dá um sentido existencial, desenvolve uma imagem positiva dele e uma confiança de base para enfrentar a vida de forma enriquecedora. Ao invés, a falta de confiança leva o bebé a ter uma perceção da vida, dos afetos, como algo de ameaçador e que as relações com os demais têm que ser controladas ou então fugir delas. A relação intensa amor/ódio na relação adulta desenvolve as suas raízes nesta fase precoce. Um bebé que se entregue a si próprio a chorar durante horas a fio fomenta um ódio latente que procurará um bode expiatório na idade adulta. É nesta fase que se aumenta a possibilidade de se iniciarem as raízes para se tornar numa pessoa complicada ou pior com uma personalidade violenta.
Mas quando não se pode estar sempre como o bebé
Às vezes por várias razões é impossível, estar disponível para acudir a tempo ao bebé. Não se culpabilize! Não é por uma ou outra vez em que não foi possível dar-lhe atenção na altura própria que ele vai ficar prejudicado, porque os bebés já nascem com alguma capacidade de resistência. Também não deve precipitar-se logo junto do bebé mal ele começa a chorar, mas sim ir ao encontro dele e tentar perceber o que é que ele quer. Através do choro, com o decorrer do tempo, consegue-se perceber melhor o que é que ele quer. Mas o fundamental é que haja as maiores oportunidades possíveis para responder aos choros e não o contrário.
O bebé com um ano e até menos já pode começar a desencadear nele “mini frustrações”. Por exemplo, não deixar o bebé mexer em certos objetos, como os óculos da mãe, o telemóvel do pai, os brincos de orelha da mãe e quando surgem os dentinhos não o deixar morder os outros. Como agir na prática? É suficiente afastar, retirar, olhar para ele e abanar o seu dedo juntamente com a expressão facial da zanga (ver na imagem Nº 11 clicando aqui, que não tem nada a ver com os gritos nem com a violência) e dizer-lhe olhos nos olhos: “Não se morde!” ou “Não se toca nos brincos da mamã!”
O simples facto de começar a impedir o bebé de tocar ou de ir a certos sítios vai transmitir-lhe a aceitação do mundo tal como ele é, para não ficar fixo num mundo ideal que a criança genuinamente quer. A iniciação deste tipo de pequenos obstáculos que o bebé enfrenta favorece o desenvolvimento da capacidade para conhecer e compreender melhor o mundo onde ele vive, o mundo real. Ao mesmo tempo, inicia-se ligeiramente a aprendizagem para lidar com a frustração sã, tão desagradável mas indeclinável. Porém, há que não cair nos extremos, isto é, recorrer a frustrações demasiado intensas além da capacidade dele as gerir ou com a superproteção que o impede a incontornável experiência da vida.
Por volta de um ano quando a criança começa a se deslocar sozinha, até mesmo antes quando ela já começa a gatinhar, pode acontecer que a mãe pegue nela ao colo, coloca-a contra o seu ombro, porque estava a chorar, a criança acalma-se uns instantes e depois chora novamente. Então surge a famosa pergunta: “ Mas o que é que tu queres afinal?”
É que o bebé está a crescer e quer ser consolado pela mãe mas simultaneamente quer ter acesso à sua autonomia, não quer estar preso. Quer ser aconchegado nos braços da mãe e quer ao mesmo tempo estar afastado dela, o que parece contraditório. Então como atuar? Pegue nele ao colo como sempre o fez e, assim, que ele se acalmar, vire-o para o exterior de costas contra si e verá certamente como ele vai sair dos seus braços para ir brincar. O bebé, a criança, apenas precisava de uns instantes de aconchego da mãe para se tranquilizar, para se reencontrar, para recuperar energia e para a seguir enfrentar a vida dela. É supérfluo pensar que ele não sabe o que quer. Ele sabe, sim, não sabe é ainda expressar verbalmente.
Por fim, aconselha-se a que os pais (ou qualquer pessoa) que estejam estressados, cansados evitem dar apoio ao bebé ou dentro do possível relaxarem-se primeiro nem que sejam apenas uns minutos. Uma vez que ele capta todas estas sensações desagradáveis. Nestas situações que não são poucas na nossa sociedade, uma outra alternativa seria de tentar, sempre que possível, encontrar alguém para os substituir.
A chupeta será assim tão importante para acalmar o choro
Na nossa sociedade onde se lida ainda mal com as emoções, com o nosso modo de vida estressante, com tão pouco tempo disponível para ouvir e para responder adequadamente ao choro do bebé, utiliza-se frequentemente a chupeta para o calar. Assim, ao primeiro choro põe-se-lhe a chucha, “uma rolha”, na boca para não incomodar. Na verdade, pode-se bem dispensar a chucha para que ela não seja um substituto cultural do contacto corpo-a-corpo com a mãe.
No entanto para quem recorre à chupeta, esta torna-se num problema quando a sua aplicação é excessiva. Convém a partir dos 6 meses eliminá-la, progressivamente respeitando o ritmo do bebé (e começar a suprimir num período calmo), antes da aparição dos dentes para não criar problemas na dentição, na pronunciação quando começar a falar e para o ajudar a crescer. A “Société Canadienne de Pédiatrie” recomenda o desmame a partir dos 12 meses. A sucção é um reflexo de sobrevivência para o bebé, mas depois dos 6 meses torna-se numa necessidade para ele se acalmar. É o momento certo para propor ao bebé outros meios para o consolar. Aos 3 anos de idade a criança já não deve estar dependente da sucção para se tranquilizar.
Não esquecer que para o bebé tudo passa pela boca. Nesta fase, ele vai conhecendo o mundo exterior através da boca. Se ele se habitua à chucha e recorre a ela perante a mínima perturbação, perante um aumento de ansiedade, abre-se um possível caminho para na idade adulta cair na dependência: ao aproveitamento de um cigarro, à ingurgitação de comida ou da bebida alcoolizada para acalmar a ansiedade.
Quando os pais que não suportam o choro
Não é fácil manter-se sereno perante os choros do bebé quando os nossos próprios choros enquanto criança não foram ouvidos, aceites, reconhecidos e compreendidos. Os choros ativam recordações, nossas, associadas ao desespero. Logo, projetamos no nosso bebé as nossas mágoas. Interpretamos os choros dele como a expressão do nosso desespero, sem ter que a ver forçosamente com o que o bebé esteja a viver no presente. Pode ser tão intolerável reviver e sentir o mesmo que queremos a todo o custo que ele pare com o choro. E, caímos na ilusão de pensar que acabamos com o sofrimento quando, na realidade, estamos apenas a impedir de o aliviar, porque estamos a recusar ouvir o nosso sofrimento.
Neste caso, os choros do bebé podem desencadear a violência, por exemplo: “Para já, vais-te calar com isto!” Os pais em causa até podem abanar a criança, tapar-lhe a boca, bater-lhe… Estes pais não maltratam o bebé por gosto, mas porque são invadidos por um impulso irresistível de tal modo para acabar com o, seu próprio, sofrimento interior. Sofrimento, esse, que continua ainda bem presente apesar de estar inconsciente na maioria do tempo e que apenas se reativa na presença dos choros do bebé enquanto isto não for trabalhado, elaborado. Depois deste ato, a culpa faz-se sentir sem conseguir expressar o seu próprio desespero, a sua aflição. Nenhum pai ou mãe merece ficar neste sofrimento, entregue a si mesmo! Podem, sim, pedir ajuda para ultrapassar o seu próprio passado, mágoas da infância não resolvidas e certas emoções não expressas, elaboradas.
Como posso aceitar os choros do meu bebé se eu próprio fui levado a não os expressar? Se chorasse era considerado algo perigoso, que podia colocar em causa a relação com os meus pais. Desta forma, aceitar os choros do meu bebé coloca inconscientemente em causa o cuidado recebido deles. No final, não quero ouvir os choros do bebé para proteger a imagem dos meus pais.
Mesmo quando se toma consciência disso, uma pessoa pode esforçar-se para fazer o oposto, para não repetir o mesmo com o seu bebé. Porém na hora certa, constata-se que não se consegue. Fica-se desgostoso e sente-se impotente por não o conseguir. É um trabalho mais profundo que requer ser elaborar individualmente nas sessões.
Na infância quando se foi magoado, quando se reprimiram as emoções, não só estas deixaram as suas marcas na mente como também foram associadas às frustrações, às humilhações e às injustiças. E por não se ter tido a possibilidade de falar sobre isto tudo se transforma numa verdadeira fúria e raiva, na idade adulta, contra aqueles que não fizeram nada para o merecer, mais ainda quando estes são dependentes afetivamente numa relação. Hoje, no século XXI para quem quiser, não há necessidade de continuar a transmitir aos nossos filhos esta “batata quente emocional” de geração após geração.
As famílias felizes assemelham-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.
Léon Tolstoï (Anna Karénine 1870)
Convido cada um que tenha acabado de ler este artigo para deixar um comentário dizendo o que é que este artigo lhe inspirou, que dúvidas suscitou, que informação útil retirou e que reflexão lhe mereceu.
Aconselha-se a ler também, no mesmo site, o artigo intitulado:
– Pais Manipuladores Perversos
Clique aqui para ter acesso a um curto vídeo sobre um estudo das competências percetivas do bebé, que foca uma perceção diferente da capacidade do bebé a comunicar e a necessidade de se respeitar os ritmos próprios do bebé.
Workshops Disponíveis
Comments
Muito interessante!!
Mais um artigo muito bom que ajuda no desenvolvimento das crianças.
Obrigado!
Leave a Comment