Porque é que os pais precisam, agora mais ainda, de estar mais preparados para lidar com uma criança?
Sem focar os problemas familiares, nem os “enigmas” sociais e as possíveis dificuldades de personalidade de cada pai, pretendo apenas realçar um dos factores, a meu ver, relevante na nossa época: o da criança se desenvolver num mundo saturado de imagens e de valores narcísicos (ser egoísta; não ter a percepção do que o outro poderá estar a sentir) que acabam por desorientar qualquer pai. Quais são as consequências disso?
Inundados, diária e constantemente, por imagens que nos estimulam e que nos seduzem, somos levados a desejar possuir o que vemos. O nosso inconsciente fica sedento, como que imerso na ideia de que se deve angariar “tudo” e que esse tudo é possível adquirir sem limites. Mas, como é que acabamos por viver a vida?
Uma grande parte de nós permanece cansada, stressada, ansiosa, desiludida, preocupada com o futuro ou, e, como defesa, para fugir a tudo isto, procuram acumular riquezas sem limites alimentando a ilusão de que será possível adquirir um dia “este tudo” ou, pelo menos, que esta procura material seja o único caminho para dar um sentido à vida. Indo por este caminho o risco de insatisfação é enorme!
Muitos de nós, passam todo o ano a exercer um trabalho que nem sequer lhes agrada, mas mesmo assim há que estar muito grato por o ter, para a seguir poder-se desfrutar de umas férias que, na melhor das hipóteses, acabam por ser muito curtas ou na pior foram uma desilusão. Sacrificamo-nos pelos nossos filhos, com todas as expectativas possíveis e imaginárias e, muitas das vezes, seguem-se os desapontamentos irremediáveis.
Somos invadidos por especialistas em fabricar imagens que apoiam os poderes políticos, os publicitários, os jornalistas, os meios de comunicação em geral que nos induzem a forjar certos e determinados comportamentos ou opiniões. Mesmo sabendo que somos manipulados, lançamos um olhar desencantado sobre tudo isso, mas no fundo, o espectáculo a que assistimos agrada-nos porque, pelo menos, estimula os nossos sentidos e desencadeiam-nos emoções. Qualquer destas situações é sempre preferível à do vazio insuportável. No entanto, a quantidade de imagens é de tal ordem que não nos deixa espaço nem vontade para procurar o que é realmente verdadeiro.
Esta quantidade de imagens acaba por nos condicionar naquilo que deve ser o belo, o bom, o bem-estar, o maior, o desejável e impõem-nos quase o que deve ter significado para nós. Com toda esta distorção da realidade e com o decorrer do tempo, já nem sabemos em quem acreditar. Começamos a desconfiar de todos, até de nós próprios e sucedem-se os mal-estares sem medida. No contexto económico actual, que nada ajuda, questionamo-nos: o que será que nos espera? Como enfrentar esta realidade?
Para nós adultos, com a nossa personalidade já constituída, é difícil mudarmos. Porém, para os nossos filhos é mais fácil ajudá-los a não ficarem condicionados ou presos neste mundo de manipulação de imagens e de valores narcísicos se nós, pais, estivermos melhor preparados par lidar com uma criança e com um jovem.
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